sábado, 27 de dezembro de 2008

Vovó Noel Fashion Week

Fiquei boquiaberta quando minha sogra disse que estava fazendo cinco vestidinhos para a neta. “Coisinha à toa, para ir à pracinha” – ela me disse, várias semanas antes do Natal. E ainda brincou: “um para cada dia da semana”.

Se boquiaberta estava, estupefata fiquei quando vi, na noite de Natal, os tais cinco vestidos prontos. Impecáveis. Lindos! Não resisti e fotografei; quem sabe inspira outras vovós e outras mães talentosas por aí. Afinal, é tão gostoso poder usar alguma coisa feita com amor e exclusividade para você!











PS: Minha sogra, Wilma, foi costureira profissional, fazia vestidos de noiva. Hoje, tem 74 anos e carrega a neta de 12kg com um braço só. Saltitante, independente, dona de si, alegre e confiante, todo ano ela organiza a ceia de Natal e recebe a família em seu apartamento para saborear as delícias que inventa. “Ficou bom?” – pergunta, só para ouvir o coro redundante de gemidos que vara a madrugada, entre repetecos e risadas mil. Noite feliz, noite feliz.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Construir 2009

Me ocorreu agorinha: felicidade é para quem tem estrutura. Não sei se isso compreende fé, inteligência, suporte emocional, jogo de cintura, maturidade, senso de oportunidade ou tudo junto.

Minha vida não é extremamente reclamável, mas é como a gula: tenho sempre fome de ajeitar umas coisinhas. Às vezes, passo do ponto. Já ouvi muito na vida – você está fazendo drama, reclamando de barriga cheia. Em silêncio, e mastigando os últimos farelinhos, eu até concordo, ou então rebato que ninguém sabe de ninguém, cada um com a sua percepção. Uma praia ensolarada pode ser meu paraíso e, para você, o pior dos infernos. Claro que tenho sempre razão e os outros, idem. Ou seja, esse negócio de razão é muito relativo, e perde-se um tempo precioso catando bolinhas de gude esparramadas pelo chão.

Aos 31 anos, com uma filha de quase dois, e às vésperas de 2009, honestamente acredito mais do que nunca no poder das coisas construídas. Nos hábitos adquiridos, na saúde conquistada, nos laços cultivados, carinhos praticados. A disciplina, o passo a passo, a coragem de manter um projeto mesmo indo contra as ameaças de um eventual fracasso.

Minha filha começou a andar no dia 24 de fevereiro deste ano que termina. Até aquele dia, 100% das suas tentativas de andar sozinha resultaram em queda. Imagino que os tombos não fossem bons sinais de que o projeto deslancharia. Hoje, o desafio é pedalar num triciclo e ela já olha encantada para os patinetes.

Em 2009, que todos os pais, mães e crianças construam juntos – e corajosamente - a sua própria estrutura para a felicidade.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Ho Ho Ho!



Papai Noel tocando baixo, ho ho ho.
Feliz Natal!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Frido, o palhaço colorido



Não resisto. Numa loja de bairro, vi um palhaço de plástico pendurado num saco e quis trazer embora. Cheguei em casa e “ajudei” a Lara a abrir o embrulho, mais ansiosa eu do que ela.

Muito bem, o Frido (que nem nome ainda tinha) mal se viu livre do saco plástico e a mamãe aqui já foi dizendo “ele é todo desmontável!” –, repetindo a frase que a vendedora esperta lascou lá detrás do balcão quando percebeu que eu tinha dado um olhar interessado ao boneco. Mordi a isca: Frido era nosso.

De noite, ficamos as duas a olhar o palhaço. Batizei com esta rima – Frido, o palhaço colorido -, no afã de tornar o presente mais interessante. A bem da verdade, o nariz custa a sair, as peças não encaixam direito e o chapéu fica caindo toda hora. Graça nenhuma. Mesmo assim, quis que ela pegasse amizade e estimulei o contato.

- Você gosta do Frido, filha?
- A Lara gosta.

Meio caminho andado.





- Ele canta, mamãe?

Ops!, um passinho atrás. Em tempo de You Tube, quem não canta perde pontos. Expliquei que ele só canta se a gente cantar junto, vamos cantar? E cantamos mesmo, mas não se ouviu a voz do palhaço e ele nem mexeu a boca, de modo que a emenda não convenceu.

Achei melhor tentar outra atividade, e inventei de “fazer” o Frido andar no chão. Arrastava o palhaço e ia sacudindo os pés dele, toc-toc no chão, e ela achou a maior graça.

- O Frido tá andando, mamãe! Mais, mais!

“Andei” com o Frido um bocado, e depois disse que ele queria também andar com a Lara. A Lara quer andar com o Frido? Ela ficou animadíssima, e eu pensando, meu Deus, agora ela não vai saber fazer o palhaço andar e vai ficar frustrada – afinal, de fato ele é só um amontoado de plástico e não faz nada!

Ela pegou no chapéu dele e saiu arrastando, com cuidado para que ele não caísse. Com dificuldade, arrastou um bocado. Vi os dois lá adiante, lado a lado. De repente, parou e olhou bem para a cara dele (foi quando pensei: acabou-se, descobriu que o palhaço não anda e vai xingá-lo). E xingou mesmo, mas era outra a reivindicação:

- Devagar, Frido!!!

Frido, o palhaço que corre e, se bobear, pula amarelinha.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Coisa de papai, coisa de mamãe (para meninas)

Coisa de papai: Jogar a filha para cima, rodopiar, virar de cabeça para baixo, dar cambalhota no ar, fazer “menina de circo” com ela pertinho do teto.

Coisa de mamãe: Coordenar os horários da rotina e, vá lá, ensinar a fazer biquinho de charme.

Coisa de papai: Deixar-se seduzir pelo biquinho, permitir certa flexibilidade nos horários da rotina. Afinal, com esse biquinho, quem resiste?

Coisa de mamãe: (Depois de ter ensinado a fazer biquinho e percebido que o papai se deixou seduzir por ele). Alertar o papai para que não se deixe levar pelo biquinho. O da filha, claro! Tudo em vão.

Coisa de papai: Segurar a mãozinha dela no pediatra. Segurar a mãozinha da mamãe no pediatra. Segurar a barra. Segurar o pediatra (para a mamãe bater).

Coisa de mamãe: Fazer de conta que segura a onda, e acabar segurando mesmo. Depois, fazer de conta mais um pouquinho. E soltar a onda de vez em quando (mas escondida).

Coisa de papai: Enfiar o dedo na goela para desengasgar a filha, se for o caso. Chorar copiosa e inexplicavelmente quando ela diz “papaaaai” seguido de algum miado incompreensível que até soa meigo, mas em que língua?

Coisa de mamãe: Ficar perguntando “O que ela disse? Mas o que ela disse, afinal?”, enquanto o pai se desmonta em lágrimas por não saber e não querer explicar.

Coisa de papai: Acusar a mamãe, com um olhar de reprovação disfarçado de interrogação, ao notar que a menina está parecendo um porco-espinho cor-de-rosa: cheia de enfeites e roupas rosa, da cabeça aos pés.

Coisa de mamãe: Dizer que menina é assim, que é para não confundirem na rua, que mal tem, puxa vida?

Coisa de papai: Pedir socorro na hora de vestir a filha, por não saber o que é pijama e o que é roupa de ir à pracinha em meio àquele mundaréu de joaninhas, borboletas, abelhas e demais insetos cravejados de lantejoula e purpurina.

Coisa de mamãe: Conformar-se: é no colo do pai que ela encontrará proteção, aconchego, aventura, diversão.

Coisa de papai: Conformar-se: é no colo da mãe que ela encontrará compreensão, identidade, cumplicidade, audição.

E, volta e meia, ambos estarão redondamente enganados.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Mancada no Discovery Kids

A Patrícia Kogut deu uma nota ZERO hoje, na sua coluna do Globo, para o Discovery Kids, por exibir o comercial de um veneno de baratas no meio da programação para crianças em idade pré-escolar. “É de dar medo e parece até piada” -, ela critica.

E nós, aqui em casa, concordamos totalmente. Em meio a bonequinhas que fazem xixi e musiquinhas alegres, de repente entram aqueles sons sinistros e um texto agressivo, bobo, patético. Eu tiro o som da TV na mesma hora, e distraio a Lara com outra coisa. Ridículo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Spa amamentação

Amamentar é o melhor spa que conheço. Não há comparação. Eu tinha uma dieta bem restritiva em relação a algumas substâncias, como já comentei aqui, mas a quantidade de coisas que eu comia (das permitidas) era algo impressionante. Até porque a fome é imensa. E você “sente” que está queimando caloria alopradamente, porque come normalmente e, duas horas depois, está querendo devorar um boi. Nunca comi tanto quindim na vida (brigadeiro não podia), e toucinho-do-céu, e rocambole de laranja.

Dois meses após o parto, eu havia secado os quase 9kg que engordei durante a gravidez. E o leite jorrando, aquela fartura! Cinco meses depois, quando já havia incorporado as atividades físicas, pela primeira vez na vida achei que eu estava magricela demais. Quando fui me pesar, tinha um quilo a menos de quando engravidei (naquele peso eu já estava me considerando ok, não queria emagrecer nada). Ops! Fato inédito: fiquei atenta ao cardápio e incluí umas porções a mais de carboidrato para ganhar um pouco de peso. E ganhei, que isso é fácil. Rapidinho.

***

Bueno, e o tempo passa. Assim que parei de amamentar (Lara tinha um ano), meu corpo foi saindo do estado-spa em que se encontrava. Sorrateiramente. E sem me comunicar. E a minha gula por quindim, toucinho-do-céu e rocambole de laranja não foi embora junto com o leite, não!

Me senti como um atleta que, de repente, pára de treinar. Eles continuam comendo aqueles 15 pratos de macarrão por dia e nem se dão conta de que o corpo não vai queimar tudo aquilo só com uma corridinha no calçadão. O resultado: bochechas rechonchudas e piadinhas da imprensa.

Graças a Deus e ao senso de humor ácido que ele me deu, piadinhas a meu respeito faço eu mesma. Mas o fato é que, em novembro do ano passado (já sem amamentar há 9 meses), entrei – pela primeira vez na vida! – para uma academia e passei a fazer, além da atividade aeróbica que eu já fazia na rua, também musculação. E intensifiquei as corridinhas. Eu estava 3kg acima do peso que tinha quando engravidei.

Hoje, com um ano de academia, estou 2kg acima daquele peso. Ganhei massa muscular, e quero crer que tenha perdido alguma gordura. Insatisfeita não estou, mas é tudo muito suado (literalmente!), e de vez em quando dá uma saudade danada do período que passei no spa-amamentação. Simplesmente porque é muito, mas muuuuito bom poder se entupir de guloseimas sem a menor culpa, e no dia seguinte a mesma coisa, e de novo, e de novo...

Paciência. Doce, agora, só no Natal. (Té parece).

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Carimbador Maluco

Filha,

era 1984, a mamãe tinha 6/7 anos e, como todas as crianças, adorava música. Que será que você vai achar do meu repertório, hein?

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Tá esquentando

Dizem que os “terríveis dois anos” são implacáveis. Pois fevereiro vem aí, e o verão já anda se debruçando por estas bandas.

Hoje não quis jantar direito outra vez. Queria biscoito.

- Agora não é hora de biscoito, filha. Tem feijão, arroz, carne, chuchu...
- Quero biscoito.
- Olha que bonitinha a cenoura! Lembra que o coelhinho também come a...
- Não. Quero biscoito.

Para encurtar: levou a situação ao extremo, mas sem escândalo. Ela agora deu para usar de elegância comigo. Primeiro, espera eu acabar meu discurso (mamãe jura que está agradando), pacientemente, e depois olha bem nos meus olhos. Fala baixo e pausadamente: “Não. Que-ro-bis-coi-to”.

Suspendi a refeição, também esbanjando elegância, e ofereci água. Educadamente, rejeitou. Calmamente, concordei e disse: “se você tiver fome depois, vai comer arroz e feijão, tá?”. E ela, cordata: “Tá”.

Meia hora depois, pediu biscoito outra vez.

- Lembra, filha, que a mamãe disse que você ia comer arroz e feijão se tivesse fome? Está com fome agora?

Aceitou e fez uma boquinha. Achei tão bonitinho que ofereci também uns bolinhos de batata, o que ela rapidamente topou. Esquentei um pouquinho e coloquei no prato: pode comer que está bom. Ela botou um pedaço na boca e me interrompeu:

- Tá quente.

- Filha, a mamãe provou e não está quente, não, está ótimo.

- Tá quente. Tá quente.

Provei na frente dela, mostrei que a temperatura estava ideal. Mesmo assim, não quis nem uma migalha. “Tá quente”.

- Está bem, não precisa comer. Estou achando é que você está sem fome, e por isso não quer os bolinhos. Não tem problema, a fome acabou, amanhã a gente come.

Fui dizendo isso e levando o pratinho até a pia. Assim que fiz o primeiro silêncio, ouço a vozinha dela lá atrás:

- Tá quente.