quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ofurô para bebês, Tummy Tub ou, simplesmente, banho de balde

Segundo a notícia no G1, trata-se de ofurô para bebês. Já o site da Tummy Tub – “a banheirinha mais famosa do mundo” – informa que a banheira terapêutica desenvolvida pelos holandeses é a melhor opção para acabar com o choro na hora do banho. Sinceramente? Vista de qualquer ângulo, tem cara, formato e jeito de balde.

Vá lá, não é um balde qualquer: "O plástico usado é transparente, para facilitar a visualização do bebê. O TummyTub não é tóxico e é reciclável. Não existem arestas cortantes, a sua base é anti-derrapante e na parte inferior há um centro de gravidade que permite grande estabilidade e segurança."

Indicado para bebês de zero a seis meses, o banho de balde promete simular a gostosa sensação de estar dentro do útero, sendo a posição muito mais confortável do que a convencinal "barriga para cima". Faz sentido e parece muito gostoso, olha só.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Filhota,

nós ontem fomos à piscina de manhã. Brincamos, gargalhamos, pulamos, corremos e explodimos em “tibum!” várias vezes.


Pai

Ele inventou uma brincadeira: jogava-a para cima e deixava “cair” na água de volta, estourando num sonoro “tibum!” que ela, excitadíssima e aos gritinhos, comemorava e pedia bis.

Parênteses: é claro que eu aproveito e me divirto, mas permaneço sempre me preocupando com calor, frio, chinelos, toalha, a hora do almoço, e até com as minhas pernas branquelas, incompatíveis com a região e a estação. É feio, sei, mas tenho uma inveja danada dos homens e de como se divertem despreocupadamente, essa é a palavra.

Ela estava de bóias nos bracinhos, e não era uma queda do tipo mergulho, porque ela ainda não mergulha. Apenas a farra, uma adrenalina calculada, promovida por um pai de carinho e disposição incalculáveis, como são os papais. Ou como todos podem ou desejariam ser ou ter sido. Quem teve um pai assim sabe como é; você guarda dentro de si uma espécie de aprovação contínua e, toda vez que ousa se divertir para valer – e sente algum medo, hesitação, ou não sabe se realmente merece -, um calorzinho interno faz que sim. Esse calorzinho é o “tibum!” da vida inteira, estimula e faz andar para frente.

Lógico, estou aqui observando a paternidade de uma poltrona absolutamente feminina e tão subjetiva - a menina que fui e a mãe que me tornei. Não é que os pais (todos) sejam mais soltos e despreocupados que as mães, e não é que as mães não estimulem seus filhos e não tenham o seu próprio modo de instalar a aprovação contínua dentro deles. Pelo contrário. Mas o “tibum!” materno é sempre tão falado, escrito e ilustrado que não consigo deixar de me voltar para a experiência da maternidade vista de dentro – diferente de tudo que eu imaginava até o último dia de gestação. Particularmente, não sinto como algo grandioso, extravagante, meteórico, heróico ou metafísico; acho que é observar e observar. Vista de dentro, a maternidade é muito mais para fora, mas é o “para fora” mais perto que jamais conheci.


Contradição

E dizem que as mulheres são confusas e contraditórias, então vou desdizer uma parte do que acabei de dizer sobre os homens/pais para mostrar que eles são iguaizinhos a nós.

Meu pai era e é, definitivamente, um homem com “tibum!”. Ao mesmo tempo, contudo, tinha uma preocupação excessiva (do meu reles ponto de vista infantil, claro) com certas condições higiênicas como o tamanho das unhas. Tanto que resolveu assumir a função de pilotar a tesourinha, e o que lhe sobrava em rigor higiênico faltava em habilidade motora, resultado: corríamos daquela tesoura como diabo da cruz, porque a aflição era certa. Persistente e satisfeito, ele encerrava o serviço sempre com um sorriso no rosto e passava a nos perseguir pela casa para que não tocássemos em nada sujo, não levássemos as mãos à boca, e coçar os olhos era motivo para bronca. Ora, o mundo é sujo e os olhos coçam.

E tem outra coisa, minha mãe tem uma discreta mania de limpeza – que eu criticava na adolescência, naturalmente, e que me vejo herdando progressivamente à medida que o tempo passa, um caso tão comum e previsto em qualquer literatura. Meu pai e minha mãe concordam, dentro de mim, e me perseguem loucamente pela casa com tesourinha e desinfetante em punho, dizendo as maiores barbaridades jamais previstas na pior das literaturas.

Resumo da ópera: não há homem ou mulher que seja puramente qualquer coisa, porque a nossa cabeça hospeda pai e mãe em eterno conflito e tumultuada harmonia, pela vida afora, pouco ligando se a nossa pretensa razão considera isso relevante ou apenas lixo emocional. O importante é como lidamos com o suco que sai daí.


Nós duas

Na volta da piscina eu te dei um banho morno na banheira, e você, ao sair, chorou um choro tão necessário, o visível desabafo do cansaço. Não quis interferir naquela melodia, simplesmente te abracei e, naquela hora, não conseguiria imaginar ninguém em meu lugar; ninguém em seu lugar. Só nós duas. Calor, frio, toalhas, chinelos e a hora do almoço ficaram para depois.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Como passa rápido!

Hoje eu li uma frase ótima escrita pelo Humberto Gessinger: "a vida é mesmo muito curta pra ser pequena".

Quem tem filho sabe que o tempo acelera consideravelmente a partir do teste do pezinho. É inegável, os dias são cheios e se esvaem, os meses são tão marcantes e, ao mesmo tempo, parecem quebradiços quando a gente percebe que já é Natal, nasceu mais um dente, fizemos muitos planos e concretizamos menos do que gostaríamos - afinal, passou tão rápido!

Acho curiosa e bela essa comparação, nos vídeos abaixo, em que ele aparece no clipe com a filha ainda bebê e, 15 anos mais tarde, Clara Gessinger canta ao lado do pai a canção que foi feita em sua homenagem.
É a vida, curta e imensa.



("Parabólica", 1992)



("Parabólica", 2007).

domingo, 18 de janeiro de 2009

Primeira vez no Zoo

Era domingo, filha, quando seu pai e eu tivemos a ideia de levá-la ao zoológico pela primeira vez. Era janeiro de 2009, era Rio de Janeiro, era São Cristóvão e era inevitável: fazia um calor da peste.

Na fila da bilheteria, vi três freiras e pensei: esse calorão me fundiu os miolos, estou alucinando e vendo tudo dobrado.

“Vai ver, tem só uma freira e meia” – ponderei.

Mas tirei umas fotos para conferir em casa, e havia mesmo três. Já imaginou se tivesse uma e meia, que atração ia ser?



**

Bichos

Fotografei alguns animais, filha, porque é bom recordar. Afinal, não é todo domingo que se vai ao zoológico em família.







Digo mais, não é todo domingo que se vai ao zoológico.



E digo mais: agora que o zoológico veio até o blog da mamãe, nós só voltaremos lá quando for absolutamente necessário, uma questão séria, jurídica, exigência do cartório, sei lá. Por escrito!



A gente sai de casa com aquela disposição matinal, um programa ao ar livre, essas crianças de hoje vivem trancadas no apartamento, fazer uma coisa diferente, etc. Muito bem, até estacionar o carro e enxergar a fila de gente arrastando criança, mochila, isopor, merendeira, bola de gás, “X tudo a 2,00”, barulho, cerveja quente, pestinha de patinete elétrico assustando os outros...

Nesse ponto eu já começo a ver freira pela metade e duvidar da fé.

Chegando lá, é bonitinho, patati, patatá, mas o calor derruba qualquer discurso nos primeiros dez metros, e a única coisa que eu queria era terminar o percurso e me enfiar num cubo de tijolo com ar condicionado a mil, luz fria, laptop, ácaros, muitos ácaros e um café com espuma de leite a cada meia hora.

A minha sorte, filhota, é que você e o papai também não passam de bichos urbanos, e terminamos o programa de domingo nos divertindo nas escadas rolantes da vida, tomando meu café favorito e fazendo piquenique num buffet a quilo pra lá de climatizado.



E o mais importante: de consciência tranquila, com a cota zoo em dia.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Preste atenção quando falam com você!

Outro dia, no elevador, encontro um vizinho que logo pergunta: como vai a Lara? Agradeço, sorrio, confirmo que vai ótima, linda, fofa e feliz. Os números descem devagar, e eu não contenho minha gentileza:

- E a sua netinha, como está?
- Neta? Mas eu nem tenho filhos!

Minha cara era uma placa laranja, um triângulo no meio da estrada, o cone do transtorno em obras da vida alheia... Como diabos fui construir toda uma família-relâmpago para aquele sujeito que nem noivo deve ser?

- Desculpe, eu devo ter te confundido com o... aquele da... a porta dos fundos dava de frente para...

E logo identifiquei o tamanho do mico, porque realmente há um vizinho que é recém-avô. Mas ele deve ser uns 20 anos mais velho do que o meu colega de elevador, que, visivelmente, não tem idade para ser avô nem de um espermatozóide!

Minha filha, não vá ser como a mamãe.

Olhe para as pessoas. Preste atenção quando estão falando com você, mas, principalmente: MANTENHA A CALMA. Respire. Não fique pensando “o que eu devo dizer agora?” quando alguém perguntar que horas são.

Se você for tímida – como seu irmão, como sua mãe -, não se sinta sozinha. Há milhares de tímidos no mundo, e todos eles podem e devem ser felizes e dar certo na vida. Só tenho um pedido: preste atenção.

Sou péssima fisionomista e também não sou capaz de dizer se alguém que passou aqui do lado é alto ou baixinho. Se você for como eu, invente algum jeito de se sair melhor. Olho fixo no detalhe, por exemplo: se não puder guardar o rosto inteiro, pelo menos grave que o nariz de fulano tem a forma do Pão de Açúcar...

Mas não diga isso!

Quando for para fazer obras na vida alheia, faça em silêncio. E sorria, sorria como quem desliza de bondinho sobre a Baía de Guanabara.

(Mas como sou boba, imagina se você vai sofrer disso. De todo modo, leve este casaquinho.).