sábado, 5 de dezembro de 2009

Bolos de mães e filhas

Minha mãe me manda, por e-mail, a receita do bolo que pedi. Mas escrita por extenso: o procedimento vem todo esmiuçado, depois a manteiga, depois os ovos, e cheio de “ATENÇÃO!” para que eu não saia, atabalhoada e às pressas, adicionando coisa que não convém. Ah, ela me conhece.

Mea culpa: assassinei um bolo mês passado porque, olhando bem a cara da massa, e querendo adivinhar seu caráter, comecei a achar que... Foi minha ruína, "achar que". Não se deve julgar o caráter das farinhas - até porque se vingam, fui saber só depois -, muito menos tomar atitudes inusitadas diante do liquidificador (outro que, apesar do barulho todo, não passa de um cínico calculista). É fazer o bolo e pronto. Um bolo não é feito de ideias ou de intuição e, ainda que fosse, o meu daria trabalho dobrado, possivelmente virando biscoito, ou nem.

Escute aqui, bolo é pura química com medidas matemáticas, isso se eu quiser um resultado comestível. O bolo, só.

Tudo isso para, no final, minha mãe fechar as instruções com a seguinte ordem: “Mexer gentilmente”.

Rárá, ou não seria minha mãe...